12/05/2011
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08h46
Erupção inédita de luminosidade no espaço intriga astrônomos
DA BBC BRASIL
A estrutura espacial chamada Nebulosa do Caranguejo impressionou os
astrônomos ao emitir uma quantidade inédita de raios gama, uma forma de
energia extremamente luminosa.
A nebulosa consiste principalmente de detritos de uma estrela supernova que foi destruída em uma explosão, em torno do ano 1054.
O que motivou a erupção sem precedentes de raios gama, ocorrida em meados de abril, é um grande mistério para os cientistas.
Aparentemente, ela vem de uma pequena área da nebulosa, há tempos considerada uma fonte constante de luz.
A novidade é que o telescópio Fermi, que observa a nebulosa, detectou uma atividade luminosa ainda mais intensa na estrutura.
A emissão de raios gama durou cerca de seis dias, alcançando níveis 30
vezes maiores que o normal e, em alguns momentos, com variações a cada
hora.
Nasa | ||
Erupção sem precedentes de raios gama na Nebulosa do Caranguejo é ainda um grande mistério |
TELESCÓPIO
O fenômeno foi descrito em um simpósio de especialistas que acontece até esta quinta-feira em Roma.
Há fontes de luz em abundância no céu, mas o telescópio Fermi é
programado para medir apenas a mais energética delas: os raios gama.
Eles emanam dos ambientes mais extremos do Universo e são decorrentes
dos processos mais violentos, como a explosão de uma supernova.
No coração da nuvem colorida e brilhante de gás é possível observar um
pulsar --uma estrela que emite ondas de rádio em impulsos repetidos
regularmente.
Mas, até o momento, nenhum dos componentes já conhecidos da nebulosa é
capaz de explicar a luminosidade observada pelo Fermi, diz Roger
Blandford, diretor de um instituto de astrofísica e cosmologia nos EUA.
"Tem de haver outra fonte para esses raios gama altamente energéticos",
ele disse à BBC News. "São necessários cerca de seis anos para a luz
cruzar a nebulosa, então essas erupções, (ocorridas) em horas, têm de
ser produzidas em uma região bem compacta em comparação com o tamanho da
nebulosa."
Desde seu lançamento, há quase três anos, o Fermi já identificou três
dessas erupções. As duas primeiras foram relatadas no início deste ano
na reunião da Sociedade Astronômica Americana.
Essas erupções liberam raios gama com energia de mais de 100 milhões de
elétron-volts --ou seja, cada pacote de luz, ou fóton, carrega dezenas
de milhões de vezes mais de energia do que a luz que vemos.
Mas a erupção mais recente da Nebulosa do Caranguejo é mais de cinco
vezes mais intensa do que qualquer outra emanação de luz já observada.
QUEBRA-CABEÇA
O entendimento do fenômeno deve levar algum tempo, opina o pesquisador
Rolf Buehler. "É incomum que algo coloque toda a sua energia em raios
gama", disse. "Estamos diante de um grande quebra-cabeça e provavelmente
precisaremos de alguns anos para entendê-lo."
A principal suspeita até agora é de que, em uma região próxima ao
pulsar, intensos campos magnéticos vão em direções opostas,
reorganizando-se repentinamente e acelerando partículas a uma velocidade
próxima à da luz.
À medida que eles se movem em caminhos curvados, as partículas emitiriam os raios gama observados no Fermi.
A cientista Julie McEnery, participante do projeto do Fermi, diz que a
descoberta é uma demonstração do poder do telescópio para elucidar a
física do Cosmos.
"Com o Fermi, temos a oportunidade de captar (o fenômeno) nesse estado
extraordinário de luminosidade. É a vantagem de ter um instrumento que
olha todo o céu todo o tempo; você capta o inesperado."
O telescópio, parceria da Nasa (agência espacial americana) com alguns
países europeus e asiáticos, foi lançado em 2008. Seu nome é uma
homenagem a Enrico Fermi, físico ítalo-americano que trabalhou no
desenvolvimento do primeiro reator nuclear e que recebeu o Nobel de
Física em 1938 por sua pesquisa sobre a radiatividade.
FONTE: Folha.com/Ciências [BBC Brasil]
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