29/05/2011
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13h36
Sistema republicano pode ter existido em cidade indígena
REINALDO JOSÉ LOPES
EDITOR DE CIÊNCIA
EDITOR DE CIÊNCIA
Se um grupo de arqueólogos do México e dos EUA estiver certo, a
metrópole indígena de Tlaxcallan tinha uma organização política mais
típica da Grécia Antiga ou da Itália medieval do que das Américas antes
de Colombo.
Em meio a um mar de impérios com pirâmides, templos faraônicos e
governantes de status quase divino, quase 50 mil habitantes de
Tlaxcallan (hoje Tlaxcala, a pouco mais de 100 km da Cidade do México)
podem ter vivido numa "república". As pistas para traçar esse cenário
vêm das tradições dos indígenas do local, registradas nos primeiros anos
após a conquista espanhola. E, principalmente, de escavações feitas
pela equipe.
A análise da estrutura urbana de Tlaxcallan mostra uma planta urbana
vasta e, ao mesmo tempo, aparentemente igualitária, sem sinal de
estruturas palacianas ou pirâmides (veja infográfico).
Isso não quer dizer que Tlaxcallan não tivesse dinheiro para gastar com
luxo, afirma Lane Fargher, autor de um estudo na revista científica
"Antiquity" sobre a cidade.
"Tlaxcallan era extremamente rica em recursos agrícolas. Os tlaxcaltecas
também produziam grandes quantidades de corante vermelho, valorizado na
América Central", diz Fargher, que é ligado ao Departamento de Ecologia
Humana do Centro de Pesquisas e Estudos Avançados do México e à
Universidade Purdue (EUA).
Mesmo assim, a análise detalhada dos restos da cidade-Estado, que
floresceu entre os anos de 1250 e 1519, indica uma sucessão de terraços
residenciais relativamente simples (necessários por causa do relevo
montanhoso, com altitude de cerca de 2.500 m).
Editoria de Arte/Folhapress | ||
"PLAZAS"
Vários grupos de terraços eram servidos por "plazas", áreas mais ou
menos como as praças atuais, mas com um caráter mais solene: deviam ser
centros cerimoniais.
A única grande estrutura fica a cerca de 1 km da cidade. Apesar de
apresentar um complexo de salas, Tizatlan não tem nada de palaciano: sua
principal característica é uma grande "plaza" com espaço para uma
multidão.
Os cientistas interpretam esse quebra-cabeças a partir de dados
registrados por historiadores e pelo próprio Hernán Cortés, líder dos
invasores espanhóis no século 16.
Sabe-se que os tlaxcaltecas falavam náuatle, mesma língua dos astecas,
mas lutaram durante séculos ""com sucesso"" para não serem absorvidos
pelo Império Asteca.
Além disso, dados sobre monarcas tlaxcaltecas parecem ser espúrios ou
duvidosos, e as crônicas mais antigas falam em negociações envolvendo
grupos de dezenas de magistrados da cidade.
Por isso, diz Fargher, "propomos que os tlaxcaltecas idealizaram sua república como resposta específica às ameaças imperiais".
Por isso, diz Fargher, "propomos que os tlaxcaltecas idealizaram sua república como resposta específica às ameaças imperiais".
A estratégia republicana talvez tenha dado um tino político
diferenciado. Os tlaxcaltecas se aliaram aos espanhóis contra os astecas
e ganharam status mais autônomo. Uma situação melhor do que a maioria
dos indígenas mexicanos na era colonial.
FONTE: Folha.com/Ciência
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