10/05/2011
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09h37
Esquentar tumor ajuda a destruir câncer, afirma estudo
GIULIANA MIRANDA
DE SÃO PAULO
DE SÃO PAULO
Pesquisadores holandeses descobriram que esquentar um tumor levemente
(entre 41ºC e 42,5ºC) ajuda a bagunçar o sistema de regeneração das
células cancerosas, abrindo caminho para que tratamentos como a
quimioterapia e a radioterapia funcionem melhor.
O efeito benéfico do calor sobre os tumores já era conhecido dos cientistas. Mas, até agora, ninguém sabia muito bem o porquê.
O grupo liderado por Przemek Krawczyk, da Universidade de Amsterdã, viu
que o calor inibe a chamada recombinação homóloga, um sistema de
regeneração do DNA das células.
Mais especificamente, o procedimento inutiliza a proteína BRCA2, que tem
um papel importante nesse processo e já tem papel conhecido em certos
cânceres.
Editoria de arte/folhapress | ||
NÃO INVASIVO
"Nossos resultados mostram que a hipertermia pode ser uma ferramenta
poderosa e não invasiva para introduzir localmente a degradação da BRCA2
e deficiências na recombinação homóloga". diz o trabalho, publicado na
versão online da revista científica americana "PNAS".
Nas células normais, ter um caminho para regenerar o DNA é fundamental,
porque, em situações naturais do organismo, podem acontecer falhas e
defeitos que comprometem o funcionamento de todo o sistema celular.
Já nas células cancerosas, essa capacidade de regeneração ajuda a
diminuir a eficácia de tratamentos que danificam o DNA para combater os
tumores, como a quimioterapia e a radioterapia.
Para avaliar a ação do calor sobre o câncer, os cientistas primeiro
fizeram o experimento em laboratório, usando células-tronco embrionárias
de ratos.
Depois, partiram para estudos em modelos vivos. Os pesquisadores
injetaram tumores nas patas dos roedores. Para esquentar as células
cancerosas, eles colocaram os membros "doentes" em uma espécie de
banho-maria por até 90 minutos. Todos os animais estavam anestesiados.
A ação benéfica do calor sobre os tumores foi ainda mais forte quando
combinada ao uso de algumas substâncias, especialmente os inibidores
Parp, que já estão em fase de testes clínicos.
Com o sistema de regeneração do câncer abalado, o tratamento com
quimioterapia e radioterapia tem maiores chances de ser bem-sucedido. As
células cancerosas passam a se multiplicar em ritmo mais lento.
TIPOS DE CÂNCER
Na opinião dos autores do trabalho, a pesquisa poderá ser aplicada a
vários tipos de tumores. Segundo eles, há grandes chances de que o
estudo em seres humanos tenha resultados tão positivos quanto o dos
ratos.
"O próximo passo é pensar em terapias que combinem a hipertermia e outros tratamentos em humanos."
FONTE: Folha.com/Ciências
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