13/05/2011
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08h46
Percevejo e formiga indicam origem de drogas que entram no país
RODRIGO VARGAS
DE CUIABÁ
DE CUIABÁ
Insetos encontrados dentro de pacotes de maconha poderão se tornar
"informantes" policiais, indicando locais de plantio e possíveis rotas
de distribuição da droga até os centros consumidores.
A possibilidade foi testada por um pesquisador da UnB (Universidade de
Brasília), que analisou 52 fragmentos de insetos contidos em 7,5 kg da
droga prensada --oriundos de duas apreensões realizadas no Distrito
Federal.
Em sua pesquisa de mestrado, o biólogo Marcos Patrício Macedo conseguiu identificar uma espécie de formiga (Cephalotes pusillus) e duas de percevejo (Euschistus heros e Thyanta perditor) nos pacotes da droga.
Ao cruzar os registros de ocorrência dos insetos com o mapa das
principais áreas de cultivo de maconha na América do Sul (inclui regiões
da Colômbia, da Bolívia, do Paraguai e do Nordeste do Brasil), ele
afirma ter descoberto a origem provável da droga até o DF: o Paraguai.
No estudo, o pesquisador, que trabalha como perito da Polícia Civil, diz
que as duas espécies de percevejo são pragas de monoculturas (soja,
principalmente), mas uma delas não tem registros no Nordeste do Brasil
""o que excluiria o chamado Polígono da Maconha, em Pernambuco, da lista
de "suspeitos".
Editoria de Arte/Folhapress | ||
A espécie de formiga, por sua vez, não tem registro de ocorrência na Colômbia.
"Apontar-se-ia a região do Paraguai como origem do material", diz um
trecho da pesquisa, que também cogita a possibilidade de a droga ter
vindo de Mato Grosso do Sul.
A pesquisa, iniciada em 2008, dependeu do aval da Justiça e, por motivos
de segurança, foi realizada dentro do laboratório da Cord (Coordenação
de Repressão às Drogas) da Polícia Civil do DF.
"Levei oito meses até conseguir a autorização para pesquisar a droga", disse Macedo em entrevista à UnB.
Ele reconhece que a amostragem utilizada na pesquisa não teria valor como prova única em uma eventual investigação criminal.
"A ausência de registros não implica em não existência da espécie na
região. Significa somente a falta de publicações indicando tal
ocorrência", afirmou.
Para o pesquisador, é necessário que haja mais pesquisas sobre o tema,
em busca de espécies que sirvam como "marcadores de origem geográfica"
da droga.
O único trabalho anterior do uso da entomologia (estudo dos insetos)
para a investigação do tráfico de drogas, segundo o pesquisador da UnB,
foi conduzido em 1986, na Nova Zelândia. Na ocasião, fragmentos de
insetos indicaram que uma carga de maconha era proveniente do Sudeste
Asiático.
FONTE: Folha.com/Ciências
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