Cleópatra VII
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Cleópatra VII Thea Filopator (em grego, Κλεοπάτρα Φιλοπάτωρ, Cleopátra Philopátor; Alexandria, Janeiro de 70 a.C. ou Dezembro de 69 a.C. – 12 de Agosto? de 30 a.C.) foi a última rainha da dinastia de Ptolomeu, general que governou o Egito após a conquista daquele país pelo rei Alexandre III da Macedônia. Era filha de Ptolomeu XII e de Cleópatra V. O nome Cleópatra significa "glória do pai", Thea significa "deusa" e Filopator "amada por seu pai".
É uma das mulheres mais conhecidas da história da humanidade e um dos
governantes mais famosos do Egito, tendo ficado conhecida somente como
Cleópatra — ainda que tenham existido várias outras Cleópatras além dela e que a história
quase não cita. Nunca foi a detentora única do poder em sua terra natal
— de facto co-governou sempre com um homem ao seu lado: o seu pai, o
seu irmão (com quem casaria mais tarde) e, depois, com o seu filho.
Contudo, em todos estes casos, os seus companheiros eram apenas reis
titularmente, mantendo ela a autoridade de facto.
Cleópatra foi uma grande negociante, estrategista militar, falava seis idiomas e conhecia filosofia, literatura e arte gregas [1].
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[editar] Genealogia
Cleópatra VII nasceu em 69 a.C., na cidade de Alexandria, fundada por Alexandre, o Grande no delta do Nilo, e que nos séculos anteriores ao nascimento de Cristo desempenhou o papel de metrópole cultural, artística e económica do Mediterrâneo Oriental. Embora fosse egípcia por nascimento, pertencia a uma dinastia macedônica que se estabelecera no Egito em 305 a.C., quando o general macedônio Ptolomeu tomou o título de rei. Era filha do rei Ptolomeu XII Auleta e da rainha Cleópatra V; já foi suposto que a sua mãe seria uma das várias amantes do pai, e, segundo o geógrafo Estrabão,
Cleópatra era filha ilegítima de Ptolomeu. Apesar da origem estrangeira
da dinastia à qual pertencia, Cleópatra foi a única da sua dinastia a
dominar a língua egípcia.
Sabe-se pouco sobre a infância e adolescência
de Cleópatra, tendo recebido uma educação provavelmente esmerada. A
lenda fez de Cleópatra uma mulher bonita e sexualmente liberta, mas as
fontes antigas enfatizam a sua inteligência e diplomacia e consideram-na
como uma mulher não muito bonita. Para além do egípcio, afirma-se que
Cleópatra falava sete ou oito línguas, entre as quais o grego, o arameu, o etíope, a língua dos Medas, o hebraico e o latim. As fontes antigas também atribuem a Cleópatra a escrita de livros sobre pesos e medidas, cosméticos e magia.
Cleópatra foi também testemunha do reinado atribulado do pai. Ptolomeu XII, filho ilegítimo de Ptolomeu IX Latiro,
era impopular entre a população de Alexandria e tinha-se mantido no
poder graças ao apoio de Roma, pelo qual teve que pagar vastas somas de
dinheiro, conseguidas através de pesados tributos impostos ao povo.
Recebeu o epíteto de Auleta, "flautista", numa alusão ao seu gosto pela música, que parecia colocar antes das tarefas governativas. Em 58 a.C. o pai de Cleópatra refugiou-se em Roma, tendo a sua filha Berenice IV sido eleita como nova soberana, mas esta foi assassinada em 55 a.C.,
quando Ptolomeu XII regressou ao Egito. Outra filha de Ptolomeu XII,
Cleópatra VI, desaparece em circunstâncias misteriosas, possivelmente
morta por ordem de Berenice IV.
[editar] Chegada ao trono
Antes de falecer em 51 a.C. Ptolomeu nomeou os seus filhos, Cleópatra e Ptolomeu XIII,
como novos soberanos do Egito. Seguindo o costume da sua dinastia,
Cleópatra casou com o irmão que teria cerca de quinze anos de idade.
Os monarcas estavam cercados por homens da corte que ambicionavam o poder e que exerciam um domínio sobre o irmão de Cleópatra: Teódoto, preceptor de Ptolomeu XIII, o eunuco Potino e o oficial do exército Aquilas.
Desde o início Cleópatra compreendeu que Roma era a nova potência do Mediterrâneo e que caso desejasse manter-se no poder deveria manter relações amigáveis com ela.
Em 49 a.C. Cleópatra fornece ao filho do triunviro Pompeu, Gneu Pompeu, sessenta barcos para se juntarem à frota que lutava contra Júlio César.
Perante o comportamento da rainha, os conselheiros insinuaram que
Cleópatra pretendia governar sozinha e colocaram o povo de Alexandria
contra Cleópatra, que foi obrigada a fugir para o sul do Egito e depois
para a Síria.
[editar] Cleópatra e Júlio César
[editar] A queda de Pompeu
A rainha não se dá por vencida e consegue juntar um pequeno exército de mercenários, tendo regressado ao Egito para lutar contra o irmão. Entretanto a situação internacional altera-se quando a 9 de Agosto de 48 a.C. Pompeu é vencido por César na Batalha de Farsália, na Tessália. Após a derrota procura refúgio em Alexandria, tendo Ptolomeu XIII declarado que aceitava recebê-lo.
Contudo, o verdadeiro plano do rei consistiu em ordenar a morte de
Pompeu, julgando que desta forma agradaria a César. O assassino de
Pompeu, um romano ao serviço de Ptolomeu XIII, corta-lhe a cabeça, que o
rei apresentou a César. No entanto, esta atitude foi um erro, dado que
César ficou horrorizado com o ato bárbaro. Apesar de inimigos políticos,
Pompeu tinha casado com a filha de César, que morreu dando à luz um
filho. César toma Alexandria e decide resolver o conflito entre Ptolomeu
XIII e Cleópatra.
[editar] O encontro com César
Afastada do palácio real, Cleópatra deseja encontrar-se com César. É
então que se desenrola o famoso episódio do tapete, relatado pelas
fontes antigas.
Conta Plutarco, num episódio lendário da sua biografia dos Césares, que Cleópatra marcou um encontro com Júlio César,
quando este chegou ao Egito, no inverno de 48 a.C. – 49 a.C., a fim de
lhe dar um presente, que consistia num tapete. Este, ao ser desenrolado,
mostrou que a própria rainha estava em seu interior (Cleópatra tinha
sido enrolada no tapete pelo seu servo Apolodoro).
Cleópatra teria então argumentado que tinha ficado encantada com as
histórias amorosas de César, tendo ficado desejosa de o conhecer.
Tornou-se, assim, sua amante, o que ajudou a estabelecer o seu poder no
país.
Numa tentativa de solucionar a crise, César procurou assegurar que o
testamento de Ptolomeu XII fosse respeitado e confirmou Cleópatra e
Ptolomeu XIII como co-regentes do Egito. Para além disso, propôs que os
irmãos mais novos de Cleópatra, Arsínoe e Ptolomeu XIV, deixassem o Egito e se tornassem soberanos de Chipre.
Contudo, Arsínoe era ambiciosa e conseguiu que o exército a
declarasse rainha do Egito. Arsínoe mandou matar o oficial Aquilas que
começava a fazer-lhe oposição e em breve o seu irmão Ptolomeu XIII
juntou-se à sua causa. Em 47 a.C. o exército egípcio seria derrotado por César. Arsínoe foi feita prisioneira e Ptolomeu XIII afogou-se no Nilo quando tentava escapar.
Em Junho de 47 a.C. Cleópatra deu à luz Ptolomeu XV César, conhecido como "Pequeno César" (Cesarion). Embora César tenha reconhecido a paternidade da criança, a historiografia moderna coloca em causa esta paternidade.[carece de fontes] César recusou-se contudo a torná-lo seu herdeiro, honra que coube a Octaviano.
Por sugestão de César, Cleópatra casou-se com o seu irmão Ptolomeu
XIV, tendo César partido para Roma. O Egito manteve-se independente, mas
sob a proteção de Roma que aí deixou três legiões romanas.
[editar] Cleópatra em Roma
Em 46 a.C., a convite de César, Cleópatra instala-se em Roma, com o filho e Ptolomeu XIV, fixando residência nos jardins do Janículo, mesmo próxima da então esposa de César (a terceira), Calpurnia Pisonis.
Teria sido em Roma que Cleópatra elaborou o seu plano de hegemonia do
Mediterrâneo. Sabe-se pouco da presença de Cleópatra em Roma, a não ser
que a sua presença teria gerado desprezo na população. Em sua honra
César ordenou que fosse colocada uma estátua de ouro de Cleópatra no
templo da deusa Venus Genetrix, vista como antepassada da família de César.
Pouco depois do assassinato de César, Cleópatra voltou para o Egito
onde Ptolomeu XIV morre em circunstâncias misteriosas; há quem suponha
que a própria Cleópatra o tenha mandado envenenar.[carece de fontes] Seu filho passou a ser seu co-regente.
[editar] Cleópatra e Marco Antônio
Em 42 a.C., Marco Antônio, um dos triunviros que governava Roma após o vazio governativo causado pela morte de César, convocou-a a encontrá-lo em Tarso para ela responder a ele sobre a ajuda que prestara a Cássio,
um dos assassinos de César e, portanto, inimigo dos triúnviros.
Cleópatra chegou com grande pompa e circunstância, o que encantou Marco
Antônio. Passaram juntos o inverno de 42 a 41 a.C. em Alexandria. Ficou grávida pela segunda vez, desta vez com gémeos que tomariam o nome de Cleópatra Selene e Alexandre Hélio.
Quatro anos depois, em 37 a.C., Marco António visitou de novo Alexandria, quando se encontrava numa expedição contra os partos.
Recomeçou então a sua relação com Cleópatra, passando a viver em
Alexandria. É possível que se tenha casado com Cleópatra segundo o rito
egípcio (uma carta, citada por Suetónio leva a crer nessa hipótese), ainda que nessa altura estivesse casado com Octávia, irmã do triúnviro Octávio. Então, Cleópatra deu à luz outro filho, Ptolomeu Filadelfo.
- Cleópatra e Cesarion foram coroados co-regentes do Egito e Chipre;
- Alexandre Hélio foi coroado governante da Arménia, Média e Pártia;
- Cleópatra Selene foi coroada governante da Cirenaica e Líbia;
- Ptolomeu Filadelfo tornou-se o governante da Fenícia, Síria e Cilícia.
O senado romano declarou-lhes guerra em 31 a.C.. Após serem derrotados por Otávio na batalha naval de Áccio, ambos cometeram suicídio, tendo Cleópatra se deixado picar por uma serpente da espécie Naja haje, em Alexandria no ano 30 a.C., e o Egito tornou-se inteiramente uma província romana.
[editar] Mausoléu
A imprensa internacional noticiou, em 26 de maio de 2008, ter sido
encontrada a cabeça de uma estátua em alabastro de Cleópatra, perto de
Alexandria, no litoral mediterrâneo do Egito. A descoberta deu-se no
templo de Taposiris Magna.
Em abril de 2009 o arqueólogo egípcio Zahi Hawass afirmou ter descoberto a sepultura de Cleópatra no templo de Taposiris Magna.[2]
[editar] Cleópatra na arte e cultura
A história de Cleópatra tem servido de inspiração aos artistas ao longo dos tempos.
[editar] Pintura
O cenário da morte de Cleópatra foi fonte de inspiração de numerosos artistas, entre os quais se encontram Reginald Arthur, Augustin Hirschvogel, Guido Cagnacci, Johann Liss, John William Waterhouse e Jean-André Rixens.
[editar] Literatura
Entre as principais obras literárias inspiradas na vida de Cleópatra encontram-se as peças de teatro Cléopâtre captive de Étienne Jodelle, Antônio e Cleópatra de William Shakespeare, Cleópatra de Sá de Miranda e Caesar and Cleopatra de George Bernard Shaw. Esta última obra, publicada em 1901, foi colocada em cena em 1946 em Londres, tendo sido protagonizada por Vivien Leigh.
Na prosa saliente-se Une nuit de Cléopâtre do escritor francês Théophile Gautier e Cleopatra, de H. Rider Haggard.
No desenho animado Asterix e Cleópatra, René Goscinny e Albert Uderzo retrataram a rainha como uma figura sedutora, mas caprichosa.
Também há uma série de livros intitulados As memórias de Cleópatra, composta por três volumes: A filha de Ísis, Sob o signo de Afrodite e O beijo da serpente, lançada em junho de 2000 pela escritora Margaret George. Esses livros narram a vida de Cleópatra baseando-se em fatos e momentos históricos de seu reinado.
Um livro recente que narra a história da rainha é o Quando éramos Deuses (a vida de Cleópatra, a mais famosa rainha do Egito), de Colin Falconer.
[editar] Cleópatra no cinema
Desde os primórdios do cinema que Cleópatra tem servido como tema de
filmes. A primeira actriz a representar o papel de Cleópatra no cinema
foi a francesa Jeanne d'Alcy num filme de dois minutos de Georges Méliès gravado em 1899.
Este filme foi considerado como desaparecido durante muito tempo, mais
foi redescoberto em 2005; nele é possível ver a profanação do túmulo da
rainha, a sua múmia a ser queimada, surgindo do fumo produzido uma Cleópatra imortal.
Dois outros filmes da era do cinema mudo utilizam como tema Cleópatra e o seu encontro com Marco António: Marcantonio e Cleopatra (1913) do realizador italiano Enrico Guazzoni e Cleopatra (1917) do realizador americano J. Gordon Edwards. Este último filme foi protagonizado por Theda Bara, uma das primeiras vamps do cinema.
Um dos primeiros filmes do cinema falado a retratar a rainha foi Cleopatra (1934), realizado por Cecil B. DeMille e protagonizado por Claudette Colbert.
O filme mais conhecido sobre Cleópatra é sem duvida o de 1963 realizado por Joseph L. Mankiewicz, que foi protagonizado pela actriz Elizabeth Taylor, com Rex Harrison no papel de Júlio César e Richard Burton
no de Marco António. A grandiosidade dos cenários e o carisma de
Elizabeth Taylor (que recebeu 1 milhão de dólares para fazer o papel,
algo inédito na época, tendo filme no total custado 44 milhões de
dólares), bem como as vicissitudes da vida privada desta (apaixonada por
Richard Burton na altura) muito fizeram para popularizar a rainha
lágida junto do grande público.
Foi realizada em 1999 uma versão da história da rainha para a televisão americana, com a personagem título interpretada pela atriz chilena Leonor Varela.
O primeiro longa-metragem lusófono sobre Cleópatra é o filme Cleópatra Sétima (de Júlio Bressane), que, embora já apresentado no Festival de Cinema de Veneza de 2007, ainda não foi lançado comercialmente. Nesta versão, filmada no Brasil, a personagem-título é interpretada pela atriz Alessandra Negrini.
FONTE: Wikipédia, a Enciclopédia Livre.
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