13/05/2011
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08h45
Nasa confirma lava em uma lua de Júpiter
SABINE RIGHETTI
DE SÃO PAULO
DE SÃO PAULO
Confirmado: a Terra não está sozinha no Sistema Solar quando o assunto são erupções vulcânicas de magma em superfícies rochosas.
Dados da sonda Galileo, da Nasa (agência epacial americana), deixam
claro que existe um "oceano" de magma por baixo das rochas de Io, uma
das luas de Júpiter, e a quantidade de material liquefeito não é pouca.
Essa lua libera cerca de cem vezes mais magma do que todos os vulcões da
Terra. Com isso, o manto magmático de Io, estimam os cientistas,
alcançaria mais de 50 quilômetros de espessura --ou o mesmo que cerca de
10% de seu volume. A temperatura estimada do manto é de cerca de 1.200
graus Celsius.
O achado, publicado na última edição da revista americana "Science",
deriva do trabalho de pesquisadores de três universidades dos EUA.
"Estamos animados porque finalmente conseguimos explicar algumas das
informações obtidas pela Galileo", disse Krishan Khurana, da UCLA
(Universidade da Califórnia, em Los Angeles).
Nasa | ||
Lua Io de Júpiter, onde pesquisadores da agência espacial dos EUA encontraram erupções vulcânicas de magma |
A sonda Voyager, da Nasa, já havia indicado a possibilidade da presença de vulcões em Io em 1979.
Desde então, de acordo com Khurana, os cientistas acreditavam que a lua
tivesse erupções com lava (basicamente magma que sai para a superfície).
Mas a hipótese ainda não estava completamente confirmada.
ELETRICIDADE
Como a instalação de aparelhos na superfície dessa lua seria inviável,
as erupções foram percebidas por um sinal eletromagnético que o interior
de Io emite conforme a movimentação do magma.
Esse sinal é percebido porque, quando derretidas, as rochas de Io (assim como outras) são capazes de transmitir eletricidade.
Isso já tinha sido levantado por trabalhos recentes na física dos
minerais. Um grupo de rochas, conhecidas como "ultramáficas", possui
essa propriedade. Alguns exemplos desse tipo de rocha são encontrados
aqui na Terra, na Suécia.
Mas, no caso de Io, o magma é ainda mais potente. "Nessa lua, ele é
milhões de vezes melhor na condução de eletricidade do que as rochas da
Terra", diz Khurana.
O sensor da Galileo mostrou ainda que o campo magnético de Júpiter
continuamente rebate os sinais das rochas derretidas nessa lua. E é esse
sinal ricocheteado que o sensor "enxergava".
Diferentemente do que acontece na Terra, os vulcões de Io ficam
espalhados por toda a sua superfície. Por aqui, a concentração vulcânica
é maior perto do oceano Pacífico. Mas os cientistas acreditam que a
Terra e Io tenham magma de origem similar.
Agora, na próxima fase, os cientistas vão projetar alguns modelos de
interação entre o campo magnético de Júpiter e o da lua "vulcânica".
SONDA ORBITOU PLANETA DE 1995 a 2003
A sonda Galileo, que leva o nome do astrônomo italiano que descobriu a
lua Io no século 17 (o célebre Galileu Galilei), foi lançada em 1989. A
nave robótica começou a orbitar Júpiter em 1995. No final de 1999, a
sonda começou a receber sinais magnéticos de Io.
Depois de uma longa e brilhante carreira científica, a Galileo foi
intencionalmente destruída ao entrar na atmosfera de Júpiter em 2003. A
intenção do "suicídio" foi proteger de contaminação o oceano de Europa,
outra lua de Júpiter.
FONTE: Folha.com/Ciências
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