14/05/2011
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09h00
Ibama chama agentes do Brasil todo para a Amazônia
ANA FLOR
CLAUDIO ANGELO
DE BRASÍLIA
DE BRASÍLIA
A explosão no desmatamento na Amazônia fez o Ibama suspender todas as
suas operações de fiscalização no país para concentrar esforços na
contenção da derrubada.
O governo acredita que o pulo nos índices de desmate é resultado da
perspectiva de afrouxamento da legislação com o novo Código Florestal.
Sérgio Lima/Folhapress |
Relator do novo Código Florestal, deputado Aldo Rebelo, na tribuna da Câmara dos Deputados apresentando relatório |
A determinação do Ibama foi baixada na segunda-feira, num memorando às superintendências de todo o país.
O documento, obtido pela Folha, determina que todas as operações
de fiscalização do PNAPA (o plano anual de operação do Ibama) que não
tenham relação com o combate ao desmatamento na Amazônia sejam
suspensas. Para 2011, o programa tinha 1.300 operações previstas.
"Não adianta combater o tráfico de animais, por exemplo, se o habitat
deles foi para o saco", diz o presidente do Ibama, Curt Trennepohl. "Foi
a decisão mais lógica. Temos de estancar a hemorragia em Mato Grosso."
Agentes dos Estados também estão sendo deslocados em massa para a
Amazônia. Segundo Trennepohl, há cerca de 520 homens na região agora. O
número deve crescer, já que só do Rio Grande do Sul, nesta semana, serão
deslocados mais 60 agentes.
O governo foi surpreendido pela retomada da devastação, principalmente
em Mato Grosso. Dados preliminares do Inpe (Instituto Nacional de
Pesquisas Espaciais), a serem divulgados na semana que vem, sugerem um
repique sem precedentes desde o final de 2007, quando o governo baixou o
embargo de crédito aos desmatadores (gênese da polêmica atual sobre o
Código Florestal).
PULO DO GATO
O diretor do Inpe, Gilberto Câmara, recusou-se a fornecer o dado,
alegando que ele ainda está sob verificação. "O gato subiu no telhado.
Falta ver o tamanho do pulo".
A expectativa em relação à mudança no código, em discussão no plenário
da Câmara, é considerada pela área ambiental do governo um dos
principais fatores por trás da aceleração da derrubada.
Como já é tradição na Amazônia, o setor produtivo se antecipa a decisões do poder público e derruba a floresta.
Neste ano, em MT, o objetivo do desmatamento seria criar "áreas consolidadas" antes da aprovação do código para ganhar anistia.
Parlamentares ruralistas e entidades do setor têm vendido à base que o
novo código permitiria a manutenção de áreas rurais consolidadas e
abriria a possibilidade de consolidar o uso de áreas de preservação
permanente.
A retomada do preço das commodities no mercado internacional e a anistia
ao desmatamento concedida pela recém-aprovada lei de zoneamento do
Estado também são apontadas como causas possíveis do repique.
Segundo Trennepohl, a devastação tem se concentrado na região produtora
de grãos do Estado, e o desmate é sobretudo para agricultura.
FONTE: Folha.com/Ambiente
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