10/05/2011
-
09h28
Reflorestamento sofreria com nova lei florestal, diz ministério
CLAUDIO ÂNGELO
MÁRCIO FALCÃO
DE BRASÍLIA
DE BRASÍLIA
O Ministério do Meio Ambiente calculou em 15 milhões de hectares, o
equivalente ao território do Acre, as áreas desmatadas que não
precisarão ser reflorestadas caso prevaleça o texto proposto pelo
deputado Aldo Rebelo (PCdoB-SP) para a reforma do Código Florestal.
A conta foi feita com base na dimensão das propriedades rurais
brasileiras segundo o Censo Agropecuário. A proposta do relator isenta
de reposição de reserva legal propriedades de até quatro módulos fiscais
(ou seja, até 400 hectares).
Imóveis de mais de quatro módulos só precisam repor florestas na área que ultrapassar essa medida.
A votação do projeto, adiada na semana passada, estava prevista para começar hoje no Plenário da Câmara.
Ontem o relator passou mais um dia em negociação com o líder do governo
na Câmara, Candido Vaccarezza (PT-SP). Mas nenhuma alteração foi
formalizada.
O governo quer um acordo para evitar que emendas ruralistas modifiquem
radicalmente a proposta no plenário, impondo uma derrota a Dilma
Rousseff.
Editoria de arte/folhapress | ||
PASSE LIVRE
Um dos dissensos é a questão dos quatro módulos. Segundo João de Deus
Medeiros, diretor de Florestas do Ministério do Meio Ambiente, se a
dispensa de reposição passar, o passivo será de 15 milhões de hectares.
Hoje o passivo de reserva legal no país é de 42 milhões de hectares. O
governo já aceitou incluir as áreas de preservação permanente na conta
da reserva legal, o que livraria de reflorestamento mais 7 milhões de
hectares.
Também se dispôs a abrir mão da exigência de reposição para a
agricultura familiar. O Meio Ambiente propôs ao Planalto estender a
benesse aos cooperados agrícolas.
O relator considerou "positiva" a ideia, mas ainda vai analisá-la. Sobre
o aumento no passivo, ele disse que precisaria ver o que o governo
considera passivo, já que, para ele, não deveria ser preciso reflorestar
áreas usadas para produção de alimentos.
Rebelo ainda resiste em ceder na questão dos chamados usos consolidados
em áreas de preservação permanente em rios largos, cujas matas ciliares
chegam a 500 metros.
O governo quer que a lei seja restritiva para todos, mas já acena em permitir a recuperação em só cem metros.
O relator disse que nesse caso é preciso considerar o "fator social" da
legislação e que não está disposto a mudar. "O importante é que isso não
é uma guerra."
Especialistas que têm analisado o texto de Rebelo nos últimos dias
avaliam, porém, que mesmo que essas questões sejam resolvidas a proposta
ainda manterá alguns buracos que ampliam o passivo ambiental do país.
Segundo o ex-presidente do Ibama Bazileu Margarido, o texto admite que
uma fazenda na Amazônia tenha sua reserva legal reduzida de 80% (o
exigido hoje) para 25% da área da propriedade.
Isso porque ele permite a redução para 50% caso o município tenha 50% ou
mais de sua área coberta por unidades de conservação. E metade disso
pode ser replantada com espécies exóticas.
FONTE: folha.com/Ambiente
Nenhum comentário:
Postar um comentário