23/05/2011
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08h57
Grupo acha "avô" de crocodilos terrestres no interior de MG
REINALDO JOSÉ LOPES
ENVIADO ESPECIAL A UBERABA
ENVIADO ESPECIAL A UBERABA
Medindo só 1,80 metro da ponta do focinho à extremidade da cauda, o Campinasuchus dinizi não se encaixa muito bem na definição de monstro pré-histórico. Mesmo assim, parece ter sido um excelente fundador de dinastia.
Isso porque, segundo seus descobridores, o bicho é o membro mais
primitivo do grupo de crocodilos que dominou o interior do Brasil na Era
dos Dinossauros.
Seus descendentes dobrariam de tamanho e virariam, ao que tudo indica,
os predadores dominantes do inclemente semiárido que cobria São Paulo,
Minas Gerais e outros Estados do país há dezenas de milhões de anos.
O bicho acaba de ser apresentado à comunidade científica em artigo na
revista especializada "Zootaxa". Mas se trata apenas do começo do
trabalho. O sítio que permitiu a descoberta da espécie, em Campina
Verde(MG), ainda está repleto de material.
"Parece que ali houve uma série de mortandades em massa ao longo do
tempo", diz Luiz Carlos Borges Ribeiro, pesquisador da Universidade
Federal do Triângulo Mineiro e um dos responsáveis por descrever o
bicho.
Rodolfo Nogueira/Divulgação | ||
Ilustração mostra como seria crocodilo mineiro; mobilidade lembrava mais leões do que jacarés |
Edson Silva/Folhapress | ||
O pesquisador Vicente de Paula Antunes Teixeira em foto tirada ao lado do crânio do paleocrocodilo |
SECAS AJUDARAM
Os cadáveres da espécie podem ter se acumulado durante secas
prolongadas, quando os crocodilos teriam procurado os poucos corpos
d'água que sobravam para se enterrar na lama. No caso dos exemplares
encontrados, não deu muito certo.
"A densidade de material em Campina Verde é impressionante. Por enquanto todos são Campinasuchus,
mas pode ser que haja outras espécies por lá", avalia Borges. Apesar de
terem procurado a lama na hora do aperto, os membros da espécie eram
totalmente terrestres.
As patas, bem mais eretas que as de um crocodilo atual, davam grande
mobilidade aos animais em terra firme, fazendo com que, em ação, eles
lembrassem muito mais leões do que jacarés. Era nisso, aliás, que a
equipe do Centro de Pesquisas Paleontológicas Price trabalhava quando
recebeu a Folha.
Pouco a pouco, modelos detalhados do esqueleto do animal, feitos em
espuma floral (normalmente usada em vasos), ajudavam a reconstruir a
postura do bicho.
Os dados estão sendo passados para um programa de animação computacional
3D. A intenção dos cientistas é recriar em filme a descoberta, do
achado dos ossos fossilizados a cenas em que o Campinasuchus "volta à
vida".
FONTE: Folha.com/Ciência
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