Perda da biodiversidade pode estar superestimada, diz estudo
O
ritmo no qual os humanos empurram as espécies de plantas e animais para
a extinção através da destruição de seu habitat é duas vezes menos
lento do que se acreditava, revela um estudo publicado esta quarta-feira
na revista científica britânica Nature.
De acordo com o estudo, a biodiversidade da Terra continua a diminuir
devido ao desmatamento, às mudanças climáticas, à superexploração, e ao
lançamento de produtos químicos em rios e oceanos.
"Há evidências de que os humanos realmente estão provocando taxas de
extinção extremas", disse um dos autores do estudo, Stephen Hubbell,
professor de Ecologia e Biologia Evolutiva da Universidade da Califórnia
em Los Angeles.
Mas importantes medições para perdas de espécies divulgadas em 2005
pela Avaliação de Ecossistemas do Milênio, das Nações Unidas, e pelo
relatório do Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC), em
2007, baseiam-se em métodos "fundamentalmente falhos" que exageram o
risco de extinção, disseram os pesquisadores.
A "lista vermelha" de espécies ameaçadas da União Internacional para a
Preservação da Natureza (IUCN, na sigla em inglês), outra referência
para tomadores de decisões, também é passível de revisão, afirmou.
"Basedos em provas matemáticas e dados empíricos, nós demonstramos
que as estimativas anteriores deveriam ser divididas aproximadamente por
2,5", disse Hubbell à imprensa, por telefone.
"É uma boa notícia saber que temos algum tempo para salvar espécies.
Mas não é uma boa notícia porque precisamos refazer um grande volume de
pesquisas que foram feitas incorretamente", acrescentou.
Até agora, os cientistas afirmavam que as espécies desaparecem a um
ritmo de 100 a 1.000 vezes, a chamada "taxa de referência", taxa média
de extinções ao longo da história da vida na Terra.
Relatórios da ONU têm alertado que estas taxas serão multiplicadas por dez nos próximos séculos.
O novo estudo questiona essas estimativas.
"O método precisa ser revisto. Não está correto", disse Hubbell.
Mas por que a ciência errou por tanto tempo? Como é difícil medir
diretamente taxas de extinção, os cientistas usam uma abordagem indireta
denominada "relação espécie-área".
Este método começa com o número de espécies encontradas em uma dada
área e, então, são feitas estimativas de como este número aumenta à
medida que a área se expande.
Para descobrir quantas espécies permanecerão quando a quantidade de
terra disponível diminuir, devido à perda de habitat, os cientistas
simplesmente revertem os cálculos.
Mas o estudo, co-assinado por Fangliang He, da Universidade Sun
Yat-sen, em Guangzhou, China, demonstra que a área exigida para remover
toda a população é sempre maior - normalmente muito maior - do que a
área necessária para se fazer contato com uma espécie pela primeira vez.
"Não se pode simplesmente reverter o processo para calcular quantas
espécies devem permanecer quando a área for reduzida", disse Hubbell.
Contudo, isto é precisamente o que os cientistas têm feito por quase
30 anos, evidenciando uma discrepância gritante entre o que os modelos
previram e o que foi observado na terra ou na água.
A ação do homem é a principal causa de extinção de espécies. Apenas
20% das florestas ainda se encontram em estado selvagem e quase 40% das
terras livres não congeladas do planeta são usadas na agricultura.
Acredita-se que três quartos de todas as espécies vivam em florestas
tropicais, como a amazônica, que desaparecem a uma taxa de 0,5% ao ano.
FONTE: Yahoo Notícias/Brasil
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