Homem-de-neandertal
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Homem-de-neandertal |
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Esqueleto de um Neandertal no Museu Americano de História Natural
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Classificação científica |
Homo neanderthalensis King, 1864 |
O homem-de-neandertal (Homo neanderthalensis) é uma espécie extinta, fóssil, do gênero Homo que habitou a Europa e partes do oeste da Ásia, de cerca de 300 000 anos atrás[1]Paleolítico Médio e Paleolítico Inferior, no Pleistoceno), tendo coexistido com os Homo sapiens. Alguns autores, no entanto, consideram os homens-de-neandertal e os humanossubespécies do Homo sapiens (nesse caso, Homo sapiens neanderthalensisHomo sapiens sapiens, respectivamente). até aproximadamente 29 000 anos atrás ( e
Esteve na origem de uma rica cultura material designada como cultura musteriense, além de alguns autores lhe atribuírem a origem de muitas das preocupações estéticas [2] e espirituais do homem moderno, como se poderá entender a partir das características das suas sepulturas.
Depois de um difícil reconhecimento por parte dos académicos, o
homem-de-neandertal tem sido descrito no imaginário popular de forma
negativa em comparação com o Homo sapiens, sendo apresentado como um ser simiesco, grosseiro e pouco inteligente. Era, de facto, de uma maior robustez física e o seu cérebro era, em média, ligeiramente mais volumoso. Progressos relativos a arqueologiapré-histórica e da paleoantropologiadécada de 1960 têm revelado um ser de uma grande riqueza cultural,
ainda que seja, provavelmente, sobrestimada por alguns autores. Muitas
questões, contudo, permanecem sem resposta, principalmente as
relacionadas com a sua extinção. depois da
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[editar] A descoberta[3],[4]
[editar] O "vale do Homem Novo"
Partes de um esqueleto de Neandertal foram descobertas primeiramente na pedreira de Forbes, Gibraltar, em 1848, anterior, de facto, à descoberta dita "original" numa gruta chamada de Feldhofer Grotte, no flanco do vale do rio Düssel, afluente do rio Reno, em agosto de 1856, três anos antes da publicação de "A Origem das Espécies" de Charles Darwin. O pequeno Vale de Neander (em alemão, Neandertal
- daí o nome da espécie) foi assim chamado por causa de Joachim
Neander, compositor e pastor luterano do século XVII, e dispõe-se entre
as cidades de Erkrath e Mettmann, por sua vez situadas entre Düsseldorf e Wuppertal, na Alemanha. O fóssil humano, não associado nem a fauna nem a instrumentos, foi descoberto por operários durante a exploração de uma pedreira de calcário, numa pequena gruta.
O espécime, denominado "Neandertal 1", consistia em uma calote craniana, dois fêmures, os três ossos do braço direito, dois do braço esquerdo, parte do ilíaco esquerdo e fragmentos de uma omoplata e costelas, que foram identificados pelos trabalhadores que os recolheram como sendo restos de ursos. Os trabalhadores entregaram o material recolhido ao naturalista amador Johann Carl Fuhlrott, professor em Elberfeld.
Fuhlrott, impressionado pelo crânio baixo e espesso, pelas arcadas
supraciliares proeminentes e membros arqueados e curtos, chegou à
conclusão de que deveriam ter pertencido a um ser humano muito
primitivo. Levou os fósseis ao anatomista Hermann Schaaffhausen e, em 1857, a descoberta foi anunciada por ambos. Em 1858,
Schaaffhausen descrevia-o como tendo pertencido "às raças humanas mais
antigas", que datou em cerca de alguns milénios antes, o que viria a
criar uma intensa polémica, já que a Teoria da Evolução ainda estava longe de ser maioritária entre os corpos académicos.
Esta descoberta é agora considerada como o marco fundador da paleoantropologia.
Esse e outros achados levaram à idéia errônea de que esses fósseis eram
de europeus ancestrais que teriam desempenhado uma importante função
nas origens humanas. Desde então, encontraram-se vestígios
antropológicos de cerca de 500 indivíduos, compostos praticamente apenas
por ossos, alguns dos quais muito incompletos.
Por um feliz acaso, o topónimo Neandertal pode ser traduzido como "vale do homem novo". Este vale (tal, em alemão) foi assim baptizado em honra de Joachim Neumann, conhecido como Joachim Neander (1650-1680) já que, seguindo um hábito familiar que teria tido origem no seu avô, usava o seu nome traduzido para língua grega. Este pastor e compositor, autor de cânticosprotestantes alemães, gostava de procurar inspiração neste vale, então com uma paisagem idílica. religiosos ainda hoje populares entre os
[editar] Nome e classificação
Por muitos anos, houve um vigoroso debate científico quanto à sua classificação: Homo neanderthalensis ou Homo sapiens neanderthalensis. O segundo coloca os neandertais como uma subespécie do Homo sapiens, ou seja, da linhagem humana, passando a ser uma segunda raça de humanos, ao lado da Homo sapiens sapiens. De qualquer forma, recentes evidências de estudos com DNA mitocondrial indica que os neandertais "não pertencem à linhagem humana".
Geralmente é aceito que tanto os neandertais como o Homo sapiens
evoluíram de um ancestral comum, mas a classificação dos neandertais
depende de quando, na linha do tempo, ocorreu essa separação.
[editar] Características físicas
Os neandertais estavam adaptados ao clima frio, como se infere do seu grande cérebro e nariz curto mas largo e volumoso. Estas características são postas em destaque pela seleção natural nos climas
frios, sendo também observadas nas modernas populações sub-árticas.
Seus cérebros eram aproximadamente 10% maiores em volume que os dos humanos modernos. Em média, os neandertais tinham cerca de 1,65 m de altura e eram muito musculosos.
Comparado com os humanos modernos, os neandertais eram maiores em tamanho e possuíam feições morfológicas distintas, especialmente do crânio,
que gradualmente acumulou aspectos distintos, particularmente devido ao
relativo isolamento geográfico. A sua estatura atarracada pode ter sido
uma adaptação ao clima frio da Europa durante o Pleistoceno.
A seguir está uma lista de traços físicos que distinguem os
neandertais dos humanos modernos; de certa forma, nem todos eles podem
ser usados para distinguir populações de neandertais específicas, de
diversas áreas geográficas ou períodos de evolução, de outros humanos
extintos. Também, muitos desses traços se manifestam ocasionalmente nos
modernos humanos, particularmente em determinados grupos étnicos. Nada
se conhece sobre a forma dos olhos, orelhas e lábios dos neandertais. Por analogia, deveriam ter pele muito branca, para um melhor aproveitamento do calor nas frias latitudes da Europa pleistocênica. Estudos recentes revelam que, alguns indivíduos, teriam pele branca e cabelos ruivos.[5][6]
- Crânio
- Fossa suprainíaca, um canal sobre a protuberância occipital externa do crânio
- Protuberância occipital
- Meio da face projetado para frente
- Crânio alongado para trás
- Toro supraorbital proeminente, formando um arco sobre as órbitas oculares
- Capacidade encefálica entre 1200 e 1700 cm³ (levemente maior que a dos humanos modernos)
- Ausência de queixo
- Testa baixa, quase ausente
- Espaço atrás dos molares
- Abertura nasal ampla
- Protuberâncias ósseas nos lados da abertura nasal
- Forma diferente dos ossos do labirinto no ouvido
- Pós-crânio
As mulheres seriam igualmente robustas ou, quiçá, ainda mais.[1]
[editar] Linguagem
A teoria de que os neandertais careciam de uma linguagem complexa foi difundida até 1983, quando um osso hióide de neandertal foi encontrado na caverna Kebara em Israel. O osso encontrado é praticamente idêntico ao dos humanos modernos. O hióide é um pequeno osso que segura a raiz da línguafala. no lugar, um requisito para a fala humana e, dessa forma, sua presença nos neandertais implica alguma habilidade para a
Muitos acreditam que mesmo sem a evidência do osso hióide, é óbvio
que ferramentas avançadas como as do período musteriense, atribuídas aos
neandertais, não poderiam ser desenvolvidas sem habilidades cognitivasgenes[7][8] incluindo algum tipo de linguagem falada. Pesquisadores identificaram extraídos de fósseis que comprovariam que os neandertais possuíam capacidade de falar.
A base da língua do neandertal era posicionada mais acima na garganta,
deixando a boca mais cheia. Como resultado, é bem provável que a fala
dos neandertais tenha sido lenta, compassada e nasalizada.
[editar] Cultura técnica
Os sítios arqueológicos compostos por jazidas com ocupações de homens-de-neandertal do Paleolítico Médio,
altura em que os neandertais terão atingido o auge do seu domínio,
mostram um conjunto de ferramentas menor e menos flexível em comparação
com os sítios do Paleolítico Superior, ocupados pelos humanos modernos que os substituíram.
Esta cultura técnica, atribuída aos neandertais, designada como musteriense, consistia na produção de ferramentas de pedra lascada produzidas através do desbastamento em leque de um bloco lítico inicial (ou núcleo), de que se formavam lascas a partir das quais se encadeava a produção de instrumentos diversos, como machados manuais para tarefas específicas, bifaces, raspadeiras, furadores e lanças.
Muitas dessas ferramentas eram bastante afiadas. No Paleolítico
Superior terão desenvolvido uma cultura material mais evoluída a nível
da tecnologia de talhe da pedra, designada de chatelperronense, [9] caracterizada pelo desdobramento do núcleo lítico em peças menores e mais manuseáveis.
Há pequenas evidências de que os neandertais usavam chifres, conchas
e outros materiais ósseos para fazer ferramentas: sua indústria óssea
era relativamente simples, ainda que inclua, tardiamente, objectos de
adorno em osso e pedra que alguns autores referem tratar-se de imitação
das técnicas do Homo sapiens, enquanto que outros autores lhe atribuem uma autoria autónoma.[10]
Mesmo tendo armas, não as arremessavam. Possuíam lanças que consistiam de grandes eixos de madeira com uma seta em uma das extremidades firmemente presa, mas as lanças fabricadas para serem lançadas foram usadas primeiramente pelo Homo sapiens.
Embora tenham enterrado a maioria dos seus mortos, os funerais dos
neandertais eram menos elaborados que os dos anatomicamente modernos
humanos.
Os neandertais realizavam um conjunto sofisticado de tarefas
normalmente associados apenas aos humanos, como a construção de abrigos
complexos, o controlo do fogo e a remoção da pele dos animais. Particularmente intrigante é um fêmur de urso encontrado em uma escavação com quatro furos numa escala diatônica feitos deliberadamente nele. Essa flauta foi encontrada na Eslovênia1995 próximo a uma fogueira do período musteriense usada pelos neandertais, mas seu significado ainda é controverso. em
[editar] Teorias alternativas
Autores mais radicais, cujas teorias são consideradas fantasiosas pela maioria da comunidade científica, como Stan Gooch, em "Cities of Dreams: the Rich Legacy of Neanderthal Man Which Shaped Our Civilization" (1989)
defendem mesmo que os neandertais eram detentores de uma cultura tão
complexa quanto as actuais e que teria mesmo servido para fundar muitos
dos chamados arquétipos universais existentes entre os humanos modernos, em resultado da sua hibridização com os neandertais.
Segundo a sua teoria, a mulher tinha um papel fundamental e mesmo superior ao homem na cultura neandertal, pelo que o sangue menstrual detinha um forte valor ritual - o homem moderno, em reacção e em oposição a esta cultura tornou, por sua vez, a menstruação num tabu, identificando o sangue menstrual com impureza. Gooch continua, relacionando o período menstrual de 28 dias com o ciclo lunar, que teria dado origem a um calendário utilizado pelos neandertais, de 13 meses de 28 dias. Isso explicaria ainda as superstições ligadas ao número 13 como número de azar (ou de sorte, em algumas culturas modernas), bem como à simbologia lunar presente na suástica que não seria mais que a inscrição de uma aranha sobre uma lua cheia, em referência ao movimento astral espiralado da lua, como na construção de uma teia de aranha.
Este autor relaciona ainda estes elementos desta suposta cultura neandertal à fundação dos arquétipos do labirinto, do Minotauro enquanto mitos lunares, bem como à simbologia relacionada com cornos e com a Lua cornuda enquanto "Deusa-mãe". Gooch considera que a cultura neandertal seria essencialmente de carácter mágico, devido ao tamanho do cerebelo destes humanos, como se poderá inferir pela projecção do osso occipital.
Da mesma forma, infere que os neandertais tinham hábitos nocturnos,
opondo a sua cultura lunar e feminina à cultura solar e masculina do
homem moderno, como se poderá conjecturar a partir da forma arqueada das
suas órbitas oculares (lembrando cornos), como é típico dos animais
nocturnos. Gooch chega ao ponto de conjecturar que o tabu moderno
relacionado com os canhotos
adviria do facto de os neandertais serem também predominantemente
canhotos, o que não é de modo algum comprovado cientificamente,
existindo, até, indícios que parecem indicar o contrário. Gooch estende
as suas teorias até ao âmbito da criptozoologia, ao supor que as narrativas datadas da Idade Média
sobre "homens selvagens" ou "Wild men" se referiam a encontros com
neandertais, que se teriam, portanto extinguido mais tarde do que se
crê.
[editar] Coexistência com o Homo sapiens
Muitas dúvidas existem quanto à forma como decorreu a coexistência dos Homo sapiens com os homens-de-neandertal em locais como no sul da Península Ibérica ou na Dalmácia. Há quem defenda que a baixa densidade populacional da época permitiu que os dois não tenham estabelecido contacto, existindo uma segregação a nível social que considerasse "tabu" qualquer aproximação e, claro, hibridização. Outros autores, baseando-se, por exemplo, na descoberta de um fóssil de um menino de quatro anos conhecido como o "Menino de Lapedo", em Vale do Lapedo, Portugal, crêem que está provada a ligação e cruzamento do homem moderno com o "Homo sapiens neanderthalensis".[12]
Outros autores, ainda, preferem uma abordagem de meio termo, crendo que
poderão ter existido contactos pouco relevantes a nível cultural e mesmo genético, já que podiam, até, considerar-se como espécies assumidamente diferentes.
Esta discussão, complexa, tem gerado alguma polémica entre os autores que preferem uma abordagem genética e paleoantropológica e aqueles que dão maior importância ao contexto cultural da evolução humana. Teorias como a conhecida "Out of Africa (ou hipótese da origem única)," ao propor que o homem moderno teve origem em África e se disseminou por todo o planeta num processo de "colonização" de cerca de 80 000 anos, não admite a miscigenação entre os dois grupos. Outras teses,
contudo, de carácter "regionalista", defendem que vários tipos humanos
evoluíram simultânea e gradualmente, estabelecendo contactos que
permitiram a emergência do Homem moderno - estes teóricos são, portanto,
mais favoráveis à hipótese do cruzamento entre estes dois tipos humanos.
De facto, estudos pareciam demonstrar que pouco ou nada subsistiria do património genético dos neandertais no DNA do homem atual. Em 7 de Maio de 2010 um estudo do Projecto do Genoma do Neandertal [13] foi publicado na revista Science.[14] Tal estudo afirma que realmente ocorrera cruzamento entre as duas espécies.[15] [16]
[editar] Extinção
A extinção do homem-de-neandertal não está esclarecida, mas persistem
várias hipóteses, todas elas baseando-se no pressuposto de que houve
competição com o Homo sapiens, que se mostrou mais adaptado, tendo em vista a sobrevivência da espécie.
Alguns autores consideram que o facto de o homem-de-neandertal não ter evoluído durante cerca de 200 000 anos em termos de cultura material faz supor uma inteligência prática baixa, apesar de o seu cérebro ter sido maior que o do homem moderno (de facto, nada se sabe quanto à organização fisiológica e neurológica dos neandertais).
Outra hipótese centra-se na baixa mobilidade das suas populações,
atestada pela reduzida área geográfica onde se estabeleceram, bem como
pela sua constituição óssea, de secção circular, adaptada ao esforço mas
pouco adequada a uma locomoção ágil, como acontece no caso do "Homo
sapiens" com ossos de secção oval. Esta reduzida mobilidade terá mantido as populações num certo estado de inércia devido à falta de estímulos proporcionada por um nicho ecológico
que garantia as necessidades básicas de sobrevivência, sem grandes
alterações climáticas. Outros autores referem a falta de variedade
genética que teria decorrido da consanguinidade, devido a um crescente isolamento social e comunitário, talvez como reacção a contactos hostis com o homem moderno.
Outros autores avançam com a hipótese de o tempo de gestação ser maior no caso dos neandertais (talvez 12 meses em vez dos 9 no caso do Homo sapiens), o que explicaria uma maior dificuldade em reproduzir-se.
Colin Tudge,
por seu lado, propõe que o homem moderno estaria mais adaptado devido a
um comportamento prospectivo em relação à gestão dos recursos naturais,
que este autor designa como proto-agricultura - isto é, teriam um comportamento recolector sustentável que incluiria a caça
apoiada na manutenção das populações que caçava e na recolecção de
produtos vegetais como complemento alimentar, para não ficar tão
dependente da caça. O homem-de-neandertal teria sido, segundo esta
hipótese, um caçador puro que teria depredado os seus recursos, o que
teria implicado na sua extinção.
FONTE: Wikipédia, a Enciclopédia Livre.
Um comentário:
Gostei do material sobre o Homo Neanderthalensis,Dean.
Sou Francisco J.B.Sá,Mestrando em Antropologia UFBA,Salvador,BA.
Arqueologia é parte de meu Currículum em Antropologia.
Também gosto muito da natureza e tudo que se relaciona com ela.
Como minha linha de pesquisa:
Hereditariedade -Família-Clã e DNA aprofunda-se em herença genética e correlações científicas com a Origem do Homem,sobre o Homem de Neanderthal,no momento estudo seu possível cruzamento com nossa espécie,já que a quantidade de cromossomos não o permitiria.
O Foco é o Homem das Neves recém-encontrado na Europa.
Acho que deve aprofundar sua formação acadêmica em direção a paleontologia e a arqueologia.
Terá surpresas profissionais muito agradáveis!
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